Casa Fernando Pessoa – Conversas de Farol

FAROL DAS PALAVRAS apresenta CONVERSAS DE FAROL – Uma vez ao mês uma novidade diretamente das Terras Lusitanas com a autora Rosária Casquinha.

“Quantos sou?”

Depois desta visita desassossegada à Casa Fernando Pessoa, tenho a certeza que sou muitas! E vivo bem com esta realidade. Sou uma alma criativa, talvez por isso me tenha identificado tanto com o nosso Pessoa. Venham comigo visitar este lugar.

Comecemos pelo piso 3 – Os Heterónimos – é lá que nos encontramos com Fernando Pessoa, o escritor. Criou mais de 100 personagens sendo as mais conhecidas: o poeta das sensações, Álvaro de Campos; o poeta da natureza, Alberto Caeiro; o poeta classicista, Ricardo Reis; e a “mutilação” da personalidade de Fernando Pessoa, Bernardo Soares. Vamos sentar-nos a ouvir ‘Ai Margarida’? Imaginemos que é Álvaro de Campos que nos recita ao ouvido.

Desçamos até à sua biblioteca Particular. Aqui, descobrimos os livros que Pessoa leu. São cerca de 1200. O autor fazia anotações e sublinhava nos livros (tal como eu!). O mais anotado é um de Omar Khayyam, poeta e astrónomo persa, do séc.XI. Que delícia observar a caligrafia do génio! É, ainda no piso 2 que nos deparamos com o L. do D – a obra mais conhecida e mais traduzida de Pessoa, que celebra 40 anos desde a sua primeira edição. O livro do Desassossego dava um outro post! Querem? A exposição ‘Jogo do Desassossego – algures no labirinto do que realmente sou’ foi concebida a partir do livro. Joguemos? São 234 peças com textos impressos em folhas transparentes, que podemos combinar num labirinto. Escrevemos o nosso desassossego.

E agora, o lugar mais intimista desta casa. Piso 1, o apartamento. Foi aqui que Pessoa viveu 15 anos. A sua última morada. A vida, a família, os amigos, os projetos realizados e por cumprir.
Vamos ler cartas, ver fotografias, sentir de perto a energia da cómoda alta onde Pessoa redigiu trinta e muitos poemas a fio. Sobre este momento de êxtase, o autor escreveu: “Foi o dia triunfal da minha vida, e nunca poderei ter outro assim.”

Na véspera de sua morte rascunhou numa folha: “Não sei o que o amanhã trará.” E é com esta frase que terminamos a visita.

Por: Rosária Casquinha / @rosaria_casquinha

Autora do Livro “No meio do Nada”, Book Lover, Travel Girl, Mentora do projeto “Cartas, atalhos que aproximam” e Fundadora do @livrosnoarmazem

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